O BICHINHO DA RÃDIO…já lá vai mais de meio século.
Escrito por RCM em 2016-08-23 18:09:48
O BICHINHO DA RÁDIO…já lá vai mais de meio século.
No nosso meio, fala-se em se apanhar, ou não, o bichinho da rádio como se de uma doença se tratasse. Ainda que não se conheça com exactidão os contornos desta “doença” pode dizer-se que há muita gente contaminada por ela e só isso pode explicar a dedicação que a rádio merece por muitos dos seus fazedores, apesar das diversas vicissitudes que sobre ela se têm abatido.
É curioso que na comunicação social não se fala do bichinho da imprensa ou da televisão, mas é frequente entre os seus profissionais que já tiveram ligação à rádio, falar-se do tal bichinho, mas da rádio.
Continuando a analogia com a medicina, esta “doença” parece tratar-se de um síndroma pois, na minha opinião, são vários os sinais e os sintomas que a caracterizam. O gosto pela comunicação é talvez o primeiro motivo deste apego desmesurado à rádio, com maior ou menor proximidade com os ouvintes – ainda que a rádio dê, para quem a faz, sempre a sensação de grande proximidade, mesmo que ela não exista – tanto no aspecto informativo como de entretenimento, o jornalista ou radialista fica emocionalmente afectado por aquela relação forte, mas misteriosa, com os ouvintes.
Depois, sendo a rádio o reconhecido parente pobre da Comunicação Social e sendo cada vez mais prejudicada, é merecedora de afecto e de grande dedicação por parte de todos aqueles que a fazem.
Também a envolvente técnica contribui para uma paixão exacerbada pelo meio, mas não é uma paixão totalmente semelhante à verdadeira paixão, é qualquer coisa de inexplicavelmente atractivo que se entranha e puxa para novos e sucessivos desafios. O desafio da descoberta, construção e desenvolvimento de novos produtos radiofónicos também é apaixonante e doentio.
Como facilmente se compreenderá a existência deste síndroma chamado de “bichinho” tem sido de grande utilidade para a Rádio e pode ser a chave do mistério que subsiste em saber porque é que os fazedores da rádio apesar de mal tratados, ignorados e, aquilo que mais dói, humilhados, pelos vários poderes, com grande destaque para o político, por si, ou com a sua conivência e responsabilidade e de todas as dificuldades económicas, causadas pela crise económica, continuam a votar-lhe tão grande dedicação e a dar-lhe horas e horas de trabalho, muito para além da respectiva retribuição.
Quem trabalhou, ou colaborou, numa rádio e adquiriu o “bichinho da rádio” jamais esquece esse maravilhoso meio de comunicação social e sempre que a oportunidade o permite volta com a mesma vontade e dedicação como se fosse a primeira vez.
Estou convencido de que os próprios ouvintes conhecem este fenómeno e sabem distinguir entre quem do outro lado sofre, ou não, deste síndroma e isso aumenta ainda mais o seu gosto pela rádio e contribui decisivamente para a sua credibilidade.
José Faustino
PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE RADIODIFUSÃO
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