MUSEU VAI TER NÚCLEO DEDICADO AO CABEÇO DAS FRÁGUAS
Escrito por Jornal de Notícias em 2009-08-10 06:26:06
A inscrição rupestre do Cabeço das Fráguas, nos limites dos concelhos da Guarda e do Sabugal, será o centro das atenções do novo núcleo do Museu da Guarda, com abertura prevista para a Primavera de 2010.
O espaço vai acolher uma reprodução à escala natural da laje onde se descreve a oferenda de animais a diversas divindades e várias peças em bronze e ferro, bem como objectos de cerâmica, descobertos pelos arqueólogos desde 2006.
De resto, as sucessivas campanhas de escavação, da responsabilidade do Instituto Arqueológico Alemão de Madrid, em colaboração com o museu guardense e a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, resultaram já num pedido de classificação do sítio como Monumento Nacional, apresentado ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) há ano e meio. O trabalho da equipa de arqueólogos luso-alemães, liderada por Thomas Schattner, tem como objectivo compreender o nível de ocupação do antigo santuário e sua envolvente. "Há vestígios de construções junto à inscrição e sabemos que o local era habitado. Também temos quase a certeza de que seria um santuário importante na região entre o século VIº a.C. e o século Iº d.C., altura em que entrou em declínio", referiu.
Situado a cerca de 1.020 metros de altitude, o sítio ganhou notoriedade com a descoberta, em 1943, da inscrição rupestre pelo general João de Almeida, posteriormente publicada e divulgada por Adriano Vasco Rodrigues numa monografia de 1956. Depois de intrigar curiosos e estudiosos, o achado é hoje famoso no meio científico europeu, sendo similar a outro existente na zona de Cáceres (Espanha).
"Esta inscrição conjuga no mesmo texto o alfabeto latino e a chamada língua lusitana, falada em época pré-romana em praticamente todo o Ocidente hispânico", adianta o Museu da Guarda. Para a sua directora, Dulce Helena Borges, o molde é "uma medida de salvaguarda de um meio patrimonial em risco, mas também a forma mais prática de o tornar acessível ao público em geral e aos estudiosos".
O inédito desta operação é que os custos da concepção do molde, cerca de cinco mil euros, serão assumidos na sua totalidade pelo Grupo dos Amigos do Instituto Arqueológico Alemão de Madrid e pela firma Noraktrad, do Grupo Norak, sediada na capital espanhola.