A LENTA AGONIA DAS RÁDIOS LOCAIS
Escrito por Joaquim Fonseca em 2015-01-12 14:08:01
Penso eu que neste ano de 2015 continuaremos a viver num cenário de dificuldades e de desemprego, pintado com cores sombrias e negras. Muitas rádios locais vão mesmo ter que parar as suas emissões. Nomeadamente ao nível dalguns concelhos do interior, onde certos caciques não resistem à tentação de impor a sua força e a sua vontade discricionária e prepotente, os detentores de Alvarás de Radiodifusão Sonora estão a ser empurrados para o encerramento definitivo duma actividade reconhecida e querida pelas populações. Porém, e, de forma impiedosa, as Rádios Locais estão a fechar e curiosamente alguns responsáveis do território parecem pouco se preocupar.
Claro que é difícil resistir, em tais condições, à asfixia financeira, às pressões e às chantagens, ainda que veladas, mormente nesta complexa altura de grave crise económica, que teima em não passar…Nós não temos MEDO. Jamais viveremos de joelhos. Quando chegar a nossa hora morreremos de pé, com toda a DIGNIDADE.
Ansiamos poder celebrar, com alguma tranquilidade, os 30 anos em prol da divulgação e da promoção da nossa terra e da Música Portuguesa, no país e no mundo. Se as coisas não se alterarem, para melhor, no final de Dezembro, admitimos fazer um balanço, para jamais ser importunados pelos senhores do fisco, da Segurança Social ou por qualquer vampiro.
Se as Rádios das grandes cidades vão fechando, mesmo estando encostadas a poderosos grupos económicos ou políticos...qual a sorte das Rádios das pequenas aldeias?
Recordamos que a RCM sempre sobreviveu com sérias dificuldades humanas e financeiras desde 1985... Uma luta diária caldeada com muitos sacrifícios e renúncias. Mas com ORGULHO.
Não queremos subsídios do Estado. Pedimos que não nos castiguem com impostos e taxas injustas e insuportáveis, e, assim podermos continuar, por mais alguns meses ou anos, a prestar um serviço de utilidade pública e a ser a voz dos que não têm voz e a ajudar a combater a SOLIDÃO das gentes simples destas terras do interior profundo, desertificado e abandonado...onde tudo parece estar condenado a ENCERRAR...
Queremos continuar a prestar um SERVIÇO DE INTERESSE PÚBLICO e temos direito ao reconhecimento e estímulo institucional.
Deixem-nos trabalhar em paz.